terça-feira, 12 de abril de 2011

O Estrangeiro – Albert Camus


No jogo do I CHING, o estrangeiro é aquele que está distante de seu lugar. Tal lugar pode ser sua casa propriamente dita ou, em um sentido mais metafórico, o sujeito é estranho ao mundo, às convenções.

Essa definição, sem dúvida, ajuda a entender o livro do qual estamos tratando hoje. O personagem de Camus é aquele que não se emociona de forma grandiosa com a notícia da morte de sua mãe e parece sempre agir de forma mecânica, instintiva.

Alinha-se às convenções sem convicção nelas, como um estrangeiro, sendo, portanto, incapaz de chorar a morte da mãe. Ser diferente, no entanto, lhe custa caro.

Em uma confusão, mais uma vez causada pela sua inércia diante da vida, o personagem se envolve em um assassinato e o seu julgamento oficial, pelo juiz, é carregado de pré julgamentos sociais. A análise deixa de ter relação com o assassinato propriamente e começa a ser levantado juízo de valor a respeito do caráter do sujeito, incapaz de chorar a morte da própria mãe.

O sujeito é condenado não por seu crime, mas por sua forma de lidar (ou de não saber lidar) com os fatos cotidianos.
Livro recomendadíssimo. Clássico, aliás.

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