sexta-feira, 18 de março de 2011

O Deus das Pequenas Coisas - Arundhati Roy


Transgressão.
Se eu tivesse que definir “O Deus das Pequenas Coisas” em uma palavra, seria esta.
A autora começa a transgredir na linearidade da narrativa. Algumas vezes funde passado até com o futuro do que está sendo contada. Tudo é desenhado assim: pelas mãos poéticas de uma criança que começa do meio, às vezes dá dica do caminho para o final e termina sem começar.
A transgressão vem ainda do amor proibido. O livro se passa na Índia e os protagonistas da história ousam se apaixonar, casar por amor, o que é uma tolice para os demais membros da família. Isso, segundo eles, não pode acabar bem. Há também o amor inter-castas, além de um pária que ousa crescer e se reconhecer como humano.
Transgride a autora também nas lendas: diz-se que os irmãos univitelinos sentem um pelo outro. No livro o casal de gêmeos é bi vitelinos e parece ter uma só alma dividida em dois corpos, em dois destinos forçados.
A prosa é poética, adjetiva e cheia de sinestesias. Foi recomendação da Renata e ela é autoridade, por isso, vale a pena se deixar fluir pela teratologia sem começo ou fim.

Um comentário:

  1. Fiquei emocionada! Vamos trocar nossas ideias, impressões, sentimentos e sensações desse mundão maravilhoso dos livros! Te gosto muito, querida!

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